sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mãos Dadas

Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

2 comentários:

Taís Matos disse...

Ai, como adoro o tio Drummond...Deu saudades de ter tempo de ler poesias assim, de visitar os blogs dos amigos, de escrever no meu...Poxa vida...Quanta correia por conta de uma monografia!
(Até rimou, olha!)

Beijos, Narlla querida! Adorei o visu novo do seu cantinho.
=*

Taís Matos disse...

Amiga, vc que fez a arte nova do nome do blog?
=*