segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pedro e Gianna: Saudade

“Pedro caríssimo, desejaria que me sentisses muito próxima nestes dias, porque não podes imaginar o que sinto ao saber-te em viagem e tão longe. Dirás: Que exagero. Mas é mesmo assim. Sabes, meu Pedro, sinto-me agora uma alma e um coração contigo. As tuas alegrias são também as minhas e assim, tudo o que te preocupa e faz sofrer, preocupa-me e faz-me sofrer também. Quando penso em nosso grande amor mútuo, não faço senão agradecer ao Senhor. É realmente verdade que o amor é o sentimento mais belo que o Senhor pôs na alma dos homens. E nós sempre nos quereremos bem, como agora, Pedro... Se te dá prazer, pensa que na próxima viagem irei contigo e dir-te-ei com a voz, tantas e tantas vezes, até te cansar, que és toda a minha vida.” Santa Gianna Beretta Molla

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RIESE, Fernando da. Por amor da vida: Gianna Beretta Molla, médica e mãe. Tradução de Manuel Alves da Silva. São Paulo: Editora Salesiana,1987. 119 p.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sim, é felicidade verdadeira quando o amor descobre sua essência no ato de abaixar-se, no mesmo trajeto que Jesus fez. É felicidade profunda, mesmo numa dor aguda, no questionamento silencioso de José, na oferta da Virgem Maria, no pecado de Madalena ou na espera de Isabel. Quero eu esperar um pouco mais até que o outro chegue, para que eu não caminhe sozinha. Quero também ser esperada, pois caminho a passos lentos e por vezes preciso de auxílio. Sim, é verdade libertadora escolher por um caminho errado e depois optar pelo Caminho. É respiração tão profunda, que desce quase no ventre, poder apresentar a Ele o meu coração, meu desejo de voltar e ter a certeza de que para Deus, eu sou muito mais do que aparento ser, muito mais do que uma escolha, muito mais do que uma marca. Deus me ama inteiramente, no passado, no presente e na feliz resposta de construir um futuro santo, um futuro feliz.

"Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes,
sob condição de as praticardes. " Jo 13,17

Ah, se houvesse em mim tamanha fidelidade que me desse condições de responder, sempre no amor, na verdade, na precisão. Ah, se houvesse no meu coração humildade para acolher com serenidade os meus erros e, deste modo, contar com a graça e a misericórdia – elementos fundamentais para quem é chamado a uma vida consagrada, separada para Ele. Mas aqui dentro fala um coração humano, tão humano que, mesmo após a marca da perfeição de Deus, é imperfeito. Quer ser divino, mas oscila nos desejos velhos, nas confusões, numa decisão, escolha errada. Um coração que deseja se configurar ao coração do Mestre, mas precisa aprender tanta coisa... Um coração de discípula, que insiste em fazer, mesmo sendo chamado primeiro a ser. Um coração sedento, teimoso, cansado, medroso. Um coração de mulher, de missionária, de consagrada...
Sim, é alegria profunda ter esse coração nas mãos e decidir a quem entregá-lo. É experiência de amor autêntico contemplar as feridas, os enganos, os desencontros que esse meu coração me sugere que eu viva e achar referência na vida de Jesus, nas respostas dEle, no coração dEle.
Esse é o meu coração, é o meu amor.

Sossega, coração. Sossega, alma minha.

O Senhor está no comando e também tem um coração.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Canção do amor que chegou

Vinícius de Moraes

Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim

Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Só quem ama se abaixa" - Halleluya Londres



Onde Deus quer, do jeito que Ele quer e como Ele quer... Em inglês ou em qualquer outra língua.
Confiram os vídeos do Halleluya Londres, realizado no dia 31 de outubro, com Eugênio Jorge e Cristiano Pinheiro (missionário Shalom em Roma), Amanda Pinheiro (França), Ricardo Bezerra (Roma), Camilo Bessoni (Bouremouth-UK) e Rafael D'Aqui.


Shalom!

domingo, 25 de outubro de 2009

Santa Gianna me ensina...


Do livro "A santa moderna - Gianna Beretta Molla", de Hilário Cristofolini.

Sobre o primeiro encontro de Gianna e Pedro, escreveu Pedro em seu diário:

"'Sinto a serena tranquilidade que me dá a certeza de ter tido ontem um bom encontro. Nossa Senhora Imaculada me abençoou.'[...]

O namoro que precedeu o casamento durou sete meses. Nesse período, Gianna escreveu 11 cartas a Pedro. Nelas transparece a grande felicidade de ambos que vivem o amor recíproco e se preparam para formar uma família. São cartas de uma namorada a alguém que reconhece o homem de sua vida. Não são diferentes das que milhares de namoradas escrevem a seus namorados.
Várias delas (cartas) refletem sua vontade de estar sempre ao lado do namorado que, a serviço da fábrica, viaja muito pela Europa e América do Norte. Então, escreve para diminuir a saudade.
Analisando esta correspondência, conclui Élio Guerriero: ‘O amor de Gianna e Pedro, visando o matrimônio, não exclui o namoro e a paixão, a atração e a vontade de doação total...’
Além das cartas do período do namoro, escreveu a Pedro outras 62, durante os sete anos que durou o casamento. [...]
Gianna fazia uso da comunicação escrita através das cartas. Nelas se nota uma namorada cheia de desejos e de expectativa, mas igual a tantas outras. [...] Em suas cartas, juntamente com as palavras de afeto ardente, notam-se expressões claras que refletem sua fé e esperança na ajuda de Deus.

11 de março de 1955
Pedro, se pudesse te dizer tudo o que sinto por ti! Mas não sou capaz. Subentenda. Deus realmente me quer bem: és, de fato, o homem que eu queria encontrar, mas não nego que mais de uma vez me pergunto: Será que sou digna dele?
Sim, Pedro, digna de ti, porque não sou capaz de fazer nada a não ser querer fazer-te feliz, e tenho medo de não conseguir.
Então, rezo a Deus: Senhor, tu conheces meus sentimentos e sabes de minha boa vontade. Dá um jeito e me ajuda a tornar-me uma esposa e mãe do jeito que Te agrada e, assim, agradarei a Pedro.

Gianna era feliz e ‘ser feliz – disse Raul Folleeau – é fazer os outros felizes’. E pela mesma intenção de fazê-la feliz, também Pedro era feliz e anotou em seu diário: ‘Quanto mais conheço Gianna, mais me convenço que melhor encontro que esse , Deus não poderia marcar’."

Santa Gianna Beretta Molla, rogai por nós.
Shalom!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Gratuidade

Na fila do ônibus, fila grande, fim do dia... Lá do final eu ouço uma voz tensa, alegre, eufórica e, ao mesmo tempo, envolvida em um discurso que garantiria um trocado para voltar para casa.
Era um senhor, meia idade, com o cansaço do dia no rosto, falando em alto e bom som que, naquele dia, ele havia conseguido um emprego, mas precisava de ajuda para voltar para casa.
"Eu fui fichado hoje! Eu tenho todos os documentos aqui... Me ajudem a pagar a passagem..."
A voz dele ia sempre chegando mais próxima. E eu pensava na coragem daquele homem, assim como a coragem de tantos outros que, por falta de opções mais confortáveis, se colocam a pedir.
De repente, uma senhora olhou pra ele e pediu que ele não falasse mais nada, que não se justificasse e deu uma boa quantia a ele. Seguramente o valor daria para pagar a passagem de volta e ficar com o troco no bolso.
Enquanto ele arregalava os olhos diante da generosidade desinteressada da moça, ela dizia:
"Você vai vencer! Não preciso ver os documentos, não precisa se explicar. Vai com Deus, muita bênção e sucesso no novo trabalho".
Foi só isso... Aconteceu há algumas semanas, mas não saiu da minha cabeça. Desde então, venho me questionando sobre o meu olhar para a gratuidade e a atenção de Deus.
Um coração grato não presta contas na ilusão de uma recompensa, não calcula ou apresenta comprovantes de boa conduta... Se assim o fizesse, estaria se doando aos pedaços, pela metade, sempre com reservas. Um coração apaixonado anuncia, fala, defende, e, diante do Amado, expõe-se por inteiro. A gratidão é uma vida, merece uma vida.
É... O pedinte da fila do ônibus me fez pensar nas minhas negociações com Deus. Tantos documentos que quero mostrar para convencê-Lo, talvez... Mas Ele sempre vence a minha inteligência e compreensão com generosidade e gratuidade. Deus não muda e sempre sabe de tudo. Conhece o meu coração, conhece o seu... Conhece muito bem quem Ele criou.
Deus me ama gratuitamente... Gratuitamente... E dessa forma, vai onde eu não consigo ir, abraça comigo o que eu preciso abraçar.
Sim, Ele vai comigo a todos os lugares. Sobe no ônibus, atravessa ruas, viaja, acolhe minhas pérolas e a minha argila. Deus toca onde minha mão não chega, onde meus braços não alcançam. Deus é a resposta quando nenhuma outra convence. Ele não me cobra explicações para permitir a minha volta...
O meu Deus, o Deus da vida, da Cruz e da Ressurreição, reduz distâncias, une corações, cura em um abraço, esconde dos grandes e revela aos pequenos.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Mais, maiores ou "mais maiores"?


Você precisa de uma informação de quantos metros? Ah! De 15 centímetros?
Maiores informações, menores informações, informações mais completas, mais grandes, informações maduras, infantis ou informações na versão sênior...
É... Ainda não há um entendimento comum, entretanto, em minha opinião, é melhor ser sempre direto em respeito aos seus ouvintes ou assistidos.

Mesmo aderindo a "mais informações", eu entendo que o adjetivo maior compreende, também, intensidade, o que pode caracterizar uma informação mais completa, intensa e, certamente, consistente, ou seja, uma informação maior e não necessariamente, mais uma informação.

Mas como nós vivemos em um mundo de cheio de maiorias, senso comum e tradições, o mais aceito é oferecer "mais informações". É só observar...
E por que será que temos tanta dificuldade em lidar com a objetividade e prestar com clareza as idéias e bilocas que guardamos na cachola?

Você não precisa de maiores informações e sim, de mais informações.
Será mesmo?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Comparar-se é coisificar-se


Escrito em 19 de fevereiro de 2008...

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Comparar-se é coisificar-se

Hoje eu pensava nas fórmulas, nas receitas, nos esquemas, nas leis... O que é importante para viver bem? Qual o segredo do cofre? A senha para encontrar a liberdade interior?
No meio em que vivo, fala-se da violência de coração que move nosso coração a decidir-se por viver a vontade de Deus. Especialmente hoje, minha razão iluminou meu coração, o centro das minhas decisões.
Coloquei-me a pensar nos motivos que levam alguém a sofrer tanto para tomar uma decisão, dizer um sim, ou dizer um não.
Insistimos em caminhar em conformidade aos paradigmas impostos e engessados em conclusões preconceituosas e desesperadas, nossas e também dos outros. Fico triste em ver tanta gente sofrendo ao olhar o tempo que passou, olhar sem se perceber e se encontrar sob a custódia de Deus.
Não sabemos caminhar como se deve. Às vezes nem conseguimos olhar para alguém e enxergar no outro além do que ele faz e olhar o que ele é. Como é triste ver pessoas coisificando a si mesmas e aos outros. Comparar-se é coisificar-se. Se Deus me vê única e irrepetível, quem sou eu para olhar o outro a partir de uma visão global, sem especificidades? Seria ignorar a arte e o poder de Deus, que muda tudo, sem mudar seu plano
A violência está em viver diferente do que se viveu até hoje. A violência de coração está em permitir que Deus reforme as estruturas, os prazos e os esquemas que fizemos ou fizeram para nós. Talvez, dentro da nossa experiência, trabalhamos dia e noite para construir essas estruturas. Deveras isso é considerado por Ele! Mas é bom se colocar à disposição para questionar se sou feliz assim. Se permito a concretização da promessa de verdadeira vida. Verdadeira vida não exime da luta, mas tem os sinais da providência, atenção e cuidado de Deus, e Ele é bom. Bom e fiel!

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[1] - Santo Agostinho em Confissões.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sem dúvidas

Quando senti a cabeça pesar, secura nos lábios, a água com gosto de água, quando provei do arroz com bife acebolado e de uma saudade nada inédita, foi como ouvir uma voz do além a dizer (rs):

Bem vinda ao Brasil, Narlla!

É isso... Voltei!

sábado, 18 de julho de 2009

Italia, parte de mim...

Dias de muito calor, de descobertas impressionantes, dias de muita historia, de acertos e erros. Dias de Italia, Bella Italia.
Quando eu estava me acostumando com o yes, thank you, please, me vem o tal do italiano para exigir mais ainda da minha cabeça.
Assim que chegamos a Roma, o primeiro lugar, mesmo tarde da noite, foi a Praça S. Pedro. Cheguei ali e nao tive condiçoes de conter as lagrimas, a açao de graças por pertencer a Igreja de Cristo, por ser abraçada, amada e acolhida por um Deus que nao me deixa caminhar sozinha, sem rumo ou direçao. Parte de mim esta ali.

Enfim... Os dias aqui tem sido bons!
Estou muito cansada e cheia de dores, rs. Viagem a lugares assim, cheios de historia, exigem bastante disposicao.
Aqui faz muuuuuuuito calor e cada ruela esconde uma velharia interessante e cheia de riqueza.
As Igrejas me deixam sem folego, sem voz, sem açao ou reaçao, o sorvete é delicioso e cada coluna - em ruinas ou nao - me faz pensar que Deus, de fato, se decidiu por fazer historia com o homem, comigo, com todos nos.
Tudo aqui me convida a rezar, a desejar viver uma vida mais santa, coerente e verdadeira. Deus tem me dito e ensinado muitas coisas.

Até a proxima fermata...

ps: O teclado aqui nao possui os nossos acentos.
Grande abraço
Shalom!
Narllinha




quarta-feira, 8 de julho de 2009

Narllinha visita Camilo na Inglaterra

No dia 6 de julho eu acordei cedo - "acordar" é o modo de falar, porque, na verdade eu não dormi naquela noite - e logo pela manhã a melhor escolha foi agradecer a Deus por aquele dia e me antecipar em louvar pelo que aconteceria no dia seguinte. Em seguida fui ao salão de beleza dar uma realçada na obra de Deus, rs.
Meu voo estava marcado para sair do Brasil às 17h05.
Almocei, tomei banho, dei mais uma olhada em tudo para evitar de esquecer alguma coisa importante. Uma observação: É muito difícil para as meninas saberem o que é, de fato, importante para se colocar em uma mala. Eu fiz milhares de listas, mas obedeci muito pouco. Resultado! Duas malas lotadas. Mas acho que é normal, afinal, eu não poderia prever do que precisaria em 30 dias. Não é, Luana (Vaniele)?
Fomos ao aeroporto e lá, uma despedida muito simples, mas que fez toda diferença. Dizem que eu sou uma moça corajosa, não sei... Mas ali não era eu quem dizia "vai dar certo", mas pessoas muito especiais, seja na presença ou ao telefone, que me passavam uma coragem que eu não encontrava dentro de mim. Só Deus sabe o que se passou no meu coração nos 90 dias de contagem regressiva para este encontro.
Ao mesmo tempo que eu pensava na saudade e na vontade de encontrá-lo, eu me lembrava que ele estava há muitas horas de voo e um oceano nos separava (fisicamente), pensava nos eventuais desafios, nas histórias que o povo conta e, de modo especial, me assaltava a serenidade o pensamento de chegar em Londres e ser mandada de volta na entrevista da imigração.
Nos 90 dias eu tive medo, pensei que fosse loucura demais, tive medo do avião cair, de não conseguir juntar dinheiro, de não conseguir me virar, de fazer muito frio aqui, de não conseguir vender todas as trufas necessárias... Mesmo diante de todas as confirmações, da certeza e da paz que, desde sempre, Deus colocava no nosso coração. Coisas de gente, não é mesmo? Talvez se eu fosse um anjo, não tivesse pensado ou sentido nada disso.
Mas eu aprendi uma coisa! Nem sempre eu preciso me virar sozinha, mesmo que o sonho seja meu. Quando a gente ama, a gente sonha com o outro, divide, partilha, corre atrás de fazer o outro feliz mesmo que isso não vá lhe render qualquer benefício concreto e aparente. E eu fui profundamente amada desse jeito...
A viagem foi tranquila... Oito horas e alguma coisinha de Brasília para Lisboa e mais duas e meia para Londres.
Tomei aquele remedinho de enjoo que deixa a gente mole pra dormir, mas não adiantou nada, meus olhos pareciam faróis no nível mais alto. No avião, assisti "Marley e Eu" e entendi o porquê meus amigos disseram que o filme parecia muito comigo. Bem, eu acho que entendi... rs.
Cheguei em Lisboa 10min antes do previsto. Não tinha quase ninguém no aeroporto. Uma tranquilidade espantosa diante do que me disseram a respeito.
Os horários foi um outro detalhe que eu percebi a mão de Deus. Minha conexão era muito apertada, mas deu tudo certo.
Às 6h30 (horário de Brasília) do dia 7 desembarquei em Londres, a essa altura eu já tinha rezado não sei quantos terços e o Ofício de Nossa Senhora... A ela eu devo muitas coisas. Uma Mãe que pensa em tudo! Nos horários dos voos, na comida do avião, nos filmes, nas pessoas que estavam perto de mim e, especialmente, no oficial da imigração que me entrevistou.
Cheguei em Londres e, seguindo o conselho do Vinícius, segui o fluxo. (kkkkkkkkkkkkkkkkkkk)
- Vini, tenho medo de me perder no aeroporto de Londres.
- Segue o fluxo (de gente) que vai dar certo.
E assim eu cheguei num salão grande e cheio de guichês que indicavam que alí eu deveria apresentar meu passaporte. Detalhe importante: Era a temida imigração. O bom é que eu não sabia que era alí que o bicho pegava.
Quando chegou a minha vez, um senhor muito educado me atendeu e começamos a conversar em inglês. Quando ele perguntou o motivo pelo qual eu havia escolhido a Inglaterra para passar as férias a minha ficha caiu. "O bicho tá pegando! Agora eu descubro se eu entro ou se eu volto pra casa sem ver o Camilo".

Quando a bendita ficha caiu eu quase tive um ataque de nervos. Meu coração batia tão forte, minhas mãos geladas, trêmulas, minha cabeça queria explodir, meus sentidos falharam...
Então, eu, com muita cara de pau disse a ele que eu estava muito nervosa e era a primeira vez que eu saia do meu país. Ele me fez muitas perguntas, repetiu várias o que eu nao conseguia entender, e carimbou meu passaporte. (Visto para 6 meses, rsrsrsrs) Calma, pessoal... E volto!

O Espírito Santo fala inglês, gente!

Antes de sair pela porta de vidro que daria passagem para concretizar o objetivo da loucura, passei no toalete... Meus olhos ferviam, vermelhos, meu rosto queimava... Gente, quanta emoção! rsrsrsrs

Peguei minha bagagem, que foi outra aventura. Um peso horroroso. E fui seguindo o fluxo... rs.
Chegou a hora. Naquele momento meu coração não aguentava muita coisa.
Eu o vi de longe, com um ramalhete de flores amarelas e o sorriso mais lindo do mundo. O resto eu não preciso escrever.

Deus é Fiel e pronto... A Ele a minha eterna gratidão por tantos presentes e experiências que, especialmente, nestes 90 dias de preparação, me fez provar a alegria de ser uma menor abandonada em Suas Mãos.

Quero, também, sem citar nomes, agradecer a todas as pessoas que, generosamente, contribuiram para o nosso encontro. Aos que me deram dinheiro, aos que venderam chocolate comigo, aos que me deram caronas para que conseguisse carregar as trufas, aos que rezaram, aos que foram comigo ao aeroporto, aos que partilharam informações preciosas que me ajudaram na hora que o bicho quis pegar, aos que me deram dicas de inglês, a quem me emprestou o cartão de crédito para a compra da passagem, a quem me deu um sapato de tricô, a quem foi à feira comigo, a quem torceu, aos que me deram uma mochila linda (rs), contou os dias comigo, a quem chorou, a quem sorriu e partilhou.
Agradeço também a você, meu amor, pela acolhida, pela grandeza do seu coração, pela força, pelo bom humor, pela espera, pelas flores amarelas, pelo cuidado, pelo carinho e, sempre, sempre, pela decisão em caminharmos na mesma direção.
Pois é... Estou aqui na Inglaterra, em Bournemouth, sem viver nenhum conto de fadas, sem viver nada excessivamente romântico que nos faça sair da vida real, mas vivendo cada segundo, cada momento na alegria de sermos de Deus, na castidade que nos leva a um conhecimento sempre mais verdadeiro e profundo e na expectativa de que o tempo, pelo menos até o dia 6 de agosto, passe beeem devagar.
É isso aí! Estou de férias na Europa!
Bendito seja Deus... Ele, quando quer uma coisa, avisa todos os envolvidos!
Shalom!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Amor, ofertas, unidade, liberdade...

Sempre que Deus diz que me ama, fico eu a pensar na minha resposta diante de tantas coisas, tantos presentes, tantas intervenções, tanta fidelidade. Não me refiro à quantidade disso tudo, mas à qualidade. Que por ser próprio de Deus, é perfeito, não se acaba, não muda, não passa.
Quando a gente ama, a gente sempre acha que é pouco, que o amor é insuficiente diante do que se deseja dar ao outro. Na verdade, não que o amor seja pequeno, pouco, mas talvez a oferta não tenha atingido a plenitude... E para isso, não bastaria um simples desejo da minha parte, mas este esforço aliado à graça de Deus.
Eu bem sei que oferta sem amor, é estéril, então, amar e ofertar, ofertar e amar, pelo que tenho entendido, é o segredo para perder as medidas na entrega...
Amar suficientemente?
Deus, nosso referencial supremo de amor, faz sempre mais que o suficiente. Deus sempre surpreende o que, para nós, seria o bastante. Deus sempre vai além das medidas estabelecidas por nossa inteligência.
Aos poucos Ele mesmo tem colocado no meu coração um incômodo, que chega a doer, para entregar o que tenho guardado dentro dos espaços mais escuros. Entregar a Ele e a quem eu decidi, livremente, por dividir o meu passado, presente e futuro.
Sabe aquele compartimento escondido, que nenhum ladrão ousaria procurar ali, que ninguém imagina existir? Pois é, é aí que o meu Senhor tem procurado as minhas pérolas. Pérolas que, por tanto apreço, decidi guardá-las por medo de serem roubadas. Outras que tomaram característica de tesouro somente pelo segredo, mas que as guardo no receio de que não sejam acolhidas se forem expostas. E o meu Senhor tem visitado, com muito amor, os esconderijos mais secretos do meu coração.
Uma visita multiforme, nem sempre na pessoa dEle, se é que vocês me entendem...
E a minha vida, cheia de guerras, incongruências, tesouros, esconderijos e pérolas, é minha e ninguém a toma de mim. Eu quero entregá-la do modo mais belo possível: Livremente...
Vida que experimenta todos os dias de um amor que supera toda e qualquer dor e me faz desejar ser o que o céu espera de mim. O olhar no Alto... Os meus pés no chão, com o meu coração dentro do peito, minha razão, meus sonhos malucos, meu jeito, minha saúde, meus gritos, meu canto, minha teimosia, minha juventude, minhas potências e minha incredulidade.
Amor que me ensina o que é Unidade... Viver, na minha carne e coração, a unidade. Unidade que é comunhão de pensamento, comunhão no Carisma, unidade que vai além de uma convivência física, uma pizza ou um crepe, um passeio ou um abraço. Unidade que caminha na mesma direção, unidade que gera o desejo pelo mesmo fim.
Unidade que rompe os limites da minha oferta... Unidade que, por ser de Deus, não se difere de Seu Amor. Unidade que é Amor e, por isso, lança fora todo temor e cura todas as feridas causadas pelos anzóis que querem me tirar do que é o desígnio de Deus. Unidade que é caminho de Paz...
Unidade que me faz chorar e sorrir pelo mesmo motivo e por isso, entregar, LIVREMENTE, a minha vida.
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PS¹: No próximo fim de semana acontece o curso Espiritualidade na Arte.
PS²: No ouuuuutro, tem ACAMPS!
PS³: E na segunda, dia 6, eu embarco para Londres... Encontrar o Camilo, o namorado mais especial e lindo do mundo. A propósito, em breve contarei aqui as surpresas de Deus com relação a esse presente de Deus para nós.
Ah... Eu sou uma pessoa muuuuuuito feliz, eu sou de Deus!
Ótima semana a todos.
Shalom!
:-)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um papo "jesley"

Certo dia, chamou-me no msn o meu querido irmão...
Segue a conversa...
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JuNIInhO'z diz: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
JuNIInhO'z diz: narllaa
JuNIInhO'z diz:olha soh
JuNIInhO'z diz:essa ai vai pro teu blog
JuNIInhO'z diz:koksapoksapoksapoksaopksaopksa
JuNIInhO'z diz:tava aki em casa sozinhou e não sei fazer cumida neh
JuNIInhO'z diz:ai eu fui compra miojo, o unico miojo q tinha éra 60 centavos
JuNIInhO'z diz: ai eu fiz
JuNIInhO'z diz:fico tao ruim q eu nao tive coragem d termina de comer
JuNIInhO'z diz: ai eu coloquei pros cachorros neh
JuNIInhO'z diz:porq eles comem tudoo
JuNIInhO'z diz:e eles tbm nao quiseram cumer
Narlla diz: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Narlla diz: sério???
JuNIInhO'z diz:kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk aham
JuNIInhO'z diz:to pa morre de dor de barriga e cabeça
Narlla diz: minha nossa
Narlla diz:mas o que vc colocou nesse miojo?
JuNIInhO'z diz:nada vey
JuNIInhO'z diz:kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
JuNIInhO'z diz:ow vo lava aki as louçaaa e depois vo durmi
Narlla diz: seu comédia, rsrs
Narlla diz: lavar louça???
Narlla diz: gente, que evolução! Vai lá...
JuNIInhO'z diz: num éé... :-D
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O post de hoje não sugere nenhuma reflexão profunda acerca dos assuntos costumeiramente aqui registrados... Só um papo jesley, mesmo. Mas o que seria um coisa jesley?
Foi o que perguntei a ele, Juninho, quando estávamos escolhendo uma blusa para ele no sábado.
"Essa blusa ficou jesley", disse ele.
Jesley é uma coisa... Ahm... "Massa!" rs Podemos atribuir o adjetivo jesley a uma parada legal, bonita, atrativa, que produz sentimentos de entusiasmo, jóia, presença, bacana.
Foi o que eu entendi.
Que coisa, né?
Muito jesley! rs
Sobre o texto supracitado... A pessoa não saber fazer um miojo é complicado, né? Nem os cachorros conseguiram comer. Acho que vou ter que ensinar como se faz macarrão instantâneo para o Júnior. rs
Se precisarem de um glossário para entender a linguagem utilizada é só me mandar um e-mail, rsrsrsrs.
A propósito, quando você ouvir o adjetivo jesley, vai saber do que estão falando.
Eu e as Letras também é cultura! :-P
Boa semana a todos!


Jack Johnson - Upside Down

terça-feira, 9 de junho de 2009

"É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam." I Cor 2,9

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Elas são católicas pelo direito de decidir


Mas também são a favor do aborto, da utilização de métodos artificiais e abortivos para o planejamento familiar e o que elas chamam de “maternidade/paternidade responsável”. Elas são católicas, ou melhor, se dizem católicas. Se partirmos do pressuposto de que homens e mulheres são iguais em dignidade, mas diferentes em suas necessidades, atribuições e identidade, a luta pela tão sonhada igualdade dos sexos é vã.
Reconheço a validade da luta de minhas irmãs pela garantia e efetivação de direitos particulares das mulheres. Isso faz toda diferença na vida das mães, das trabalhadoras, de mulheres que tem particularidades e, portanto, precisam de cuidados especiais. Não por serem menores, incapazes, mas pela missão pessoal e identidade que cada uma traz em si.
Passeando pelo site das católicas, deparei-me com um artigo, [que pretendo comentar depois] da Sra. Déa Januzzi, repórter do Jornal Estado de Minas. Por hora, fico apenas com o seguinte trecho: “Vazio é ter doutrina voltada para o anteontem da vida”.
Será que o conceito de vida foi mudado e ninguém me avisou? Será que estamos falando da mesma Igreja, do mesmo Jesus? Quando vejo pessoas se manifestarem, sejam católicos, protestantes ou de qualquer denominação cristã, faço um esforço para imaginar o próprio Jesus aconselhando uma mãe a abortar o seu filho ou incentivando um casal a valer-se da pílula – método abortivo, uma vez que bloqueia o processo de nidação - implantação do embrião no endométrio.
Não dá, não faz sentido. Jesus, por ser Caminho, Verdade e Vida, jamais se utilizaria de ironia para atribuir a morte dos santos inocentes a uma solução coerente para os problemas do mundo. Os problemas são claros, e, de fato, não devem ser ignorados. São sérios e precisam de atenção e trabalho. Precisam do meu sim e do seu sim. Entretanto, qual é a relação entre a solução destes com o aborto? Seriam as crianças, os bebês, causadores da desordem na humanidade?
O tal feminismo cria uma pseudo-imagem de mulher para ser copiada. E nós mulheres ficamos seduzidas e encantadas com essa desproporção de valores. Como se fosse saudável e belo ser o que não se é. O caminho de liberdade interior passa pela Verdade.
No caso das católicas pelo direito de decidir, percebo aí, nada mais do que a falta de Deus. Uma carência tão grande que as fazem especialistas em evidenciar os erros dos padres, da Igreja. Especialistas em discursos pró-aborto, sensíveis ao ponto de confundir. Sim, assim como elas, muitos outros sedentos de Verdade, especializam-se em denunciar, macular. Especialistas em dizer que o grande problema do mundo é o fato dos padres não se casarem, as freiras não celebrarem missas ou um casal de pessoas do mesmo sexo não poderem ter sua união sacramentada diante de Deus, dentro da casa dEle. É... Esse deve ser o problema. O problema está todo na Igreja (?) - a tal doutrina voltada para o anteontem. Estão colocando palavras na boca de Deus. Será, mesmo? Porventura Deus erra, é incoerente e tem Sua Verdade sendo adequada à nossa cegueira e falta de amor?
Eu nunca ouvi dizer que o sacerdócio seja uma imposição para alguns homens. “Se você não se tornar padre, você morre”. Graças a Deus, o chamado ao sacerdócio, assim como para todos os estados de vida, é regido pelo amor e não pela lei. O celibato - que não se aplica somente aos padres - é um grande dom, uma graça.
Para quem nunca ouviu dizer, o tal celibato é pelo Reino, pela minha e sua salvação. Uma adesão livre e decidida por entregar inteiramente a vida pelo serviço. Uma renúncia feita por amor, para o amor e no amor. Um matrimônio espiritual com o Esposo das Almas, uma prefiguração do que todos nós viveremos na eternidade. Quem disse isso? Para quem se especializa em macular a Igreja, uma boa dica é ler a Bíblia.
Erros? Sim, e são muitos. Mas eu me pergunto... Será que todo mundo é perfeito? Se as senhoras católicas pelo direito de decidir são tão certas de que é legítimo abortar e partir para uma ação tão agressiva contra a doutrina católica, por que ainda se dizem católicas?
É outro detalhe importante. Ninguém é obrigado a pertencer a esta Videira, mas convidado, chamado. As pessoas incomodam-se de tal forma com a postura da Igreja, como se fosse uma imposição, uma ditadura. De certo, se incomoda tanto, é bom buscar as raízes e os motivos.
Como católicas, elas, naturalmente conhecem a Mãe de Jesus. Evidentemente, não há como imaginar a Mãe de Jesus num panelaço desses gritando que defender a vida é legalizar o aborto e torná-lo mais seguro nos hospitais.
A raiz do problema precisa olhada, também. Matar as crianças antes mesmo de nascerem vai, simplesmente, animalizar ainda mais a humanidade. Não se trata, primariamente, de excomunhão, de pecados e leis. Embora todo esse processo tenha por conseqüência a infelicidade eterna, é preciso olhar para a essencia do cristianismo: A vida e a dignidade humana.
Dar passos em direção a essa realidade, certamente nos fará olhar com mais ternura para os que sofrem.
Toda a realidade que contemplamos hoje é difícil, dolorosa, talvez indizível quando realmente nos deparamos com a dor alheia. Deus não tem um selo em Si que diz: Seus problemas acabaram! Mas é o único que pode mudar, transformar e ordenar toda e qualquer dor para o amor.
Eu nem terminei meu curso superior, não escrevo para nenhuma revista importante, nenhum jornal de grande circulação, não estudei fora do país e meu nome não é influente para que o meu texto tenha grande repercussão. Eu sou a Narlla Bianne Santos de Sales e o que me confere autoridade para deixar aqui estas palavras é a minha identidade - sou mulher -, meu batismo, minha decisão por Deus, minha Vocação, o simples fato de ser ramo desta Videira.
Ainda bem que minha mãe não me abortou...

Deus abençoe a todos e todas

Shalom
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Links interessantes:

quarta-feira, 6 de maio de 2009

"Todo dia é um novo dia pra Te amar"

"As ofertas que mais nos custam não são as primeiras..."

Além de tantos outros sinais que marcaram o meu fim de semana, essa frase que a Suely Façanha disse no palco me fez pensar bastante. De fato, em qualquer situação, o que Deus me pede primeiro é sempre menos custoso do que vem na prova seguinte. São João da Cruz também disse algo parecido referindo-se às noites escuras.
Talvez o que torne menos sangrento o processo de ofertar seja a consciência do valor que tem o que entregamos a Deus e que nas mãos dEle, tudo descansa, tudo se ajeita, tudo se espera. Consciente do valor, da importância, do amor que tenho pelo que oferto, o risco de cobrar algo de Deus no futuro seja menor.
Essa semana Santa Teresa me ensinou que a conformidade com a Vontade de Deus não me impede de sentir a dor das ofertas, a contrariedade dos meus planos, a dor das enfermidades, o sofrimento dos outros e até mesmo a revolta diante das injustiças.
E hoje, dia 6 de maio, é mais um dia para amar mais a Deus... Para escutá-Lo em nosso silêncio esponsal e ofertar as pequenas e grandes coisas, as que amo e as que odeio, as que me fazem feliz, sorrir, chorar, gritar. Lutar contra Deus? Não, não é preciso. Independente da minha razão o novo se fará...
Um dia eu vou entender, com a alma, o coração, tudo que eu sou, que a vontade de Deus é o meu paraíso. Lá no fundo eu sei, mas precisa tomar conta de mim.

Shalom!

 Comunidade Doce Mãe de Deus - Vontade de Deus

sexta-feira, 24 de abril de 2009

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Eles escolheram o amor


Estávamos nós, eu, alguns colegas e o Matusael, no horário do almoço conversando. De repente, a conversa, na fila do caixa, foi a vida de Santa Gianna Beretta Molla. Partilhava com eles um pouco do que sei da vida dela e o testemunho que ela é para nós, especialmente mulheres. Gianna que foi mãe de 4 filhos, esposa de Pietro Molla, médica e, sobretudo, filha de Deus, alma esposa.

Impressionou-me o fato de nenhum dos que estavam na conversa conhecer a santa. Para mim, no entanto, é um sinal muito especial e concreto da fidelidade de Deus, especialmente quando há disposição em se formar uma família santa, aberta à vida, fecunda, participante da vida de Deus.

"Quero formar uma família verdadeiramente cristã; um pequeno cenáculo onde
o Senhor reine nos nossos corações, ilumine as nossas decisões e guie os nossos
programas". (Santa Gianna)
Uma santa casada, que, provavelmente tinha que acordar mais cedo que todos da casa, para rezar, preparar o café das crianças e equilibrar o lar para que o dia começasse. Provavelmente Santa Giana e Pietro Molla viveram desafios exigências que, humanamente, seriam inconcebíveis ao olhar preguiçoso e egoísta do mundo de hoje. Uma santidade que hoje podemos tocar, desejar e viver.

Para resumir e deixar vocês com vontade de conhecer mais sobre a vida dessa família... Na quarta gravidez de Gianna, um fibroma no útero a colocou diante de duas possibilidades: A vida dela e a vida do bebê. Sem hesitar, Santa Gianna optou pela vida da filha, Gianna Emanuela.

Onde quero chegar? Naquele dia do almoço, algumas horas depois, a esposa do Matusael fez um exame que diagnosticou má formação fetal. A notícia que tivemos foi que, se o neném nascesse, nasceria com alguma síndrome ou doença grave.

Respostas rápidas e impensadas? Não. Eles, mesmo na dor, se decidiram por amar e amar mais ainda o filho que esperavam.

Numa hora dessas o que a gente diz? Questionei-me sobre o que dizer a ele, que é meu colega mais próximo. A única coisa que eu soube dizer foi que Deus é Fiel e a Virgem Maria, juntamente com Santa Gianna, abraçariam aquela causa.

As sugestões de algumas pessoas eu pude acompanhar: "2 meses de gravidez? Poxa... Se fosse antes dava até pra tirar." E outras que não são, sequer, dignas de serem mencionadas.

Eu só sei que doeu em mim... Não faço idéia do que se passa na cabeça de um casal que recebe um diagnóstico dessa natureza para um filho. Este, de modo especial, o primogênito. Pode ser que não chegue a nascer, chorar, abrir os olhinhos.

Doeu em mim e foi assim que eu levei, junto com o Matusael e a Jane, a família deles, os amigos deles, e todas as pessoas que se uniram em oração, para Deus. E Deus, tão compassivo e apaixonado por nós, acolheu a esperança, a dor e a decisão desse casal.

Em exatos 7 dias, a situação foi revertida. Não me pergunte como... Nem os médicos souberam explicar, mas o bebê está completamente saudável e se desenvolve normalmente. O céu abraçou aquela causa...

Para eles, foram 7 dias. Deus quis em 7 dias criar e recriar a história deles.

Enfim... Quero aqui manifestar minha alegria por contemplar a santidade do casal Gianna e Pietro Molla se repetindo na vida de tantos outros. Casais que, com violência, muito amor e abandono em Deus, decidem-se um pelo outro, pelos filhos, pela vida, pela cruz, pela ressurreição.

A partir de respostas como essas cresce em mim a disposição e a decisão por viver o que Deus espera, propõe e deseja para a minha história.

Bendito seja Deus por confiar a nós, seres tão limitados, a participação e adesão ao milagre da vida...
Deus abençoe a todos!

Shalom



Ser na Igreja e no mundo sinal de Amor
Sinal de fecundidade e testemunhar
com fidelidade e alegria o dom da vida
E abraçar as exigências e bênçãos
que
o amor quiser nos dar.
Ser na Comunidade sinal de amor
Sinal de fidelidade e transbordar em total
entrega aos irmãos e a Igreja
E abraçar as exigências e bênçãos que
o amor quiser nos dar.
Eu e minha casa serviremos o Senhor
Eu e minha família testemunharemos o amor
(Cristiano Pinheiro e Fernando Martins - Comunidade Católica Shalom)

domingo, 12 de abril de 2009

Verdadeiramente, Ele ressuscitou! Aleluia!

Vi Cristo Ressuscitado
o túmulo abandonado
os anjos da cor do sol
dobrado ao chão o lençol...¹


Contemplar este mistério me faz eleger, mais uma vez, o essencial, o profundo, a parada, o movimento. Provar da Ressurreição quebra a insistência tentadora de permanecer no escuro e no silêncio do sepulcro, ou mesmo de achar que Deus ali ficou. Porque Cristo Ressuscitou e está no meio de nós. Aleluia!
Viver a páscoa me (re)lembra o processo que acontece antes que ela mesma aconteça.
A alegria de pertencer a Deus, meu Amado, meu Esposo, meu Rei. O Glorioso que experimenta da morte para ensinar-me o modo único e perfeito de amar.

"Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amo..."²


E Ele amou assim... Morrendo para dar vida. Cruz e Ressurreição...
Cruz que, além da salvação e do resgate, me convida a levar uma Mãe para casa. Uma mãe que prova da experiência do abandono e faz toda a humanidade perceber o amor com que Deus ama o mundo.
Uma mãe que, embora em gritos silenciosos e entre as lágrimas desfazedoras de nós, ensina que a experiência do amor passa pela morte. Morte que é vencida por este mesmo amor...
Cruz que orna minha vida para celebrar as bodas do Cordeiro.
Ressurreição tão concreta e atemporal que me ensina que a verdadeira paz, o Shalom, não se resume em uma explosão de alegria, bem estar, ausência de guerras ou conflitos, cantos e festa, simplesmente; mas no milagre de transformar o que é morte em vida; o infértil no fecundo; o brotar das flores nas rochas, fazer novas todas as coisas. Uma cruz em ressurreição.
Por hoje, minha gratidão a Deus se resume na experiência do amor. Amor que, aliado à Cruz, ganha novo sentido e tem a Ressurreição por esperança, desejo saciado pela generosidade e amor do Senhor. Gratidão por ter a minha vida recriada por Suas chagas.
Ele ressuscitou e isso basta. Só Deus basta...³

Feliz Páscoa!
Shalom

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[1] Sequência Pascal
[2] Jo 15, 12
[3] Santa Teresa de Jesus



quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pergunte e não responderemos

Nem sempre a resposta está pronta. Há uma beleza na dúvida que vale à pena de ser apreciada. Forjar a resposta antes do tempo é a mesma coisa que colher frutos verdes... Demora na dúvida... E descubra a sabedoria que insiste em se esconder na ausência de palavras.A outra face da dúvida... Responder perguntas é fácil. Difícil é ensinar a conviver com as dúvidas, forjar a vida a partir das incertezas, das inconclusões e reticências, permitindo que o mistério sobreviva às constantes invasões da racionalidade, no horizonte de tantas realidades que não são esdobráveis, possíveis de serem dissecadas.Viver pra responder, cansa.
Há muito ando lutando para abandonar esse espírito de onipotência que tomou conta de nós. Sentimo-nos na obrigação de dar respostas para tudo. Não sabemos dizer que não sabemos, mas insistimos em falar de coisas que ainda nem acreditamos, só para não termos que enfrentar o desconcerto do silêncio. Falamos porque não suportamos a ausência de respostas. Talvez seja por isso que tantas pessoas têm buscado as religiões de respostas simples. Por que sofremos? Por que pessoas boas sofrem coisas ruins? Perguntas que são constantes na vida humana, sobretudo no momento em que a tragédia nos abate, o sofrimento nos visita. Torna-se muito simples justificar o sofrimento como forma de pagamento por vidas passadas, processos de purificação que expiam erros cometidos por outros. Compreensões absolutamente simplistas, redutoras, e portanto, resposta fácil.A dor gera perguntas. A alegria, nem sempre. A religião é um recurso humano que nos ajuda a conviver com as questões mais fundamentais que são próprias da nossa condição. Ela responde, mas nem sempre essa resposta pode ser formulada através de palavras. Isto porque a religião é acontecimento da vida inteira, é processual, se dá aos poucos.Jesus quis ensinar aos seus discípulos essa sabedoria. Não foram poucas as vezes em que eles lhes pediam explicações e respostas fáceis. Jesus nunca caiu nessa armadilha. Ao invés de entregar-lhes respostas prontas, Ele lhes ensinava a conviver com a dúvida criativa.Também sua mãe aprendeu isso com ele. Guardava tudo no seu coração, porque sabia que a experiência do distanciamento é uma excelente forma de conhecimento.Há fatos que se dão no agora da vida e que só poderão ser entendidos depois de passado um determinado tempo... O fardo da prepotência de saber tudo... Nem sempre a dúvida do momento possui resposta. Há que se ter uma paciência de saber fazer essa leitura. Conviver com a dúvida é uma forma interessante de construir respostas. Você já deve ter experimentado concretamente na sua vida essa premissa. O sofrimento desta hora gera ensinamentos que só poderão ser recolhidos amanhã. Nisso consiste a beleza da religião: ajudar a conviver com a dúvida, nutrir a esperança que não nos deixa esmorecer, preparar o coração para os tempos reservados para o silêncio da existência.Durante muito tempo os padres e religiosos tiveram que carregar o fardo da onipotência. Para tudo eles teriam que ter respostas. Falavam até de coisas que não acreditavam. Correram o risco das receitas mágicas, das frases prontas e do amor teórico.
Essa postura gerou um desgaste histórico na figura do padre. Por falar de tudo, acabou deixando de falar do essencial. Por saber tudo, acabou esquecendo que a proposta de Jesus é também uma forma de não saber, um jeito interessante de descansar no silêncio da simplicidade que não sabe dizer, porque não é adepta da pressa.Os padres ficaram sofisticados. Têm um discurso hermético que insiste em responder e interpretar todas as perguntas que lhes caem nas mãos. São capazes de chegarem num velório e repetir em alto e bom tom, receitas sobre a morte, que nem eles mesmos conhecem os ingredientes.Talvez seja por isso que estejamos tão desacreditados em nosso discurso. Pessoas simples andam recebendo mais atenção que clérigos inteligentes.
Pessoas simples são aquelas que se deixam tocar pelas perguntas, e que sabem apreciar o encanto da ausência de palavras. São capazes de deixar a noite deitar seu manto sobre a dúvida que o sol aqueceu. Seguem a fio a sabedoria bíblica que nos ensina, que debaixo do céu, há um tempo para cada coisa.Quem demora na pergunta já intui uma resposta...Eu sei que você sofre constantemente os apelos deste mundo de respostas prontas. Talvez até já tenha pensado em trocar sua religião por uma outra que lhe responda melhor seus questionamentos.
Só não esqueça que nem sempre você precisa de respostas. A vida, por vezes só é possível no silêncio do questionamento. A desolação do calvário, o profundo silêncio de Deus, a mãe que acolhe o filho morto nos braços é uma das exortações mais belas que a humanidade já pôde conhecer.Seria injusto se afirmássemos que só vivemos de silêncios de perguntas. Não, o cristianismo também tem respostas belíssimas para a vida humana. Os padres são portadores de uma boa nova que tem o poder de responder os anseios mais profundos da condição humana. Não só os espíritas possuem respostas convincentes...Nós também sabemos responder, mas por estarmos fundamentados numa antropologia que não nos permite qualquer forma de reducionismo é que defendemos que nem sempre teremos respostas para todos os problemas do mundo.Respostas não caem do céu, mas são geradas no processo histórico que o ser humano realiza. Viver é maturar, é amadurecer, é superar horizontes, acolher novas possibilidades e descobrir respostas onde não imaginávamos encontrar.Conviver com dúvidas requer maturidade, e isso não é aprendizado que se dá da noite para o dia. A dúvida de hoje pode ser a certeza de amanhã.

(Pe. FÁBIO DE MELO, scj)

sexta-feira, 27 de março de 2009

As baratas

Profundamente incomodada com a “cara de pau”, insistência, ousadia e astúcia das baratas eu decidi dedicar um espaço aqui a elas. Dedicar, não no sentido de homenagem (rs). Dedicar algum tempo do meu raciocínio, da minha visão e inteligência para saber mais sobre elas.
Eu só sei que elas são muito antigas, estão aí há mais de milhões de anos. Isso me desanima um pouco quando penso em comprar pozinhos mágicos, açúcares venenosos ou qualquer outra coisa que se destine a acabar com elas. Acho que elas são amiguinhas do Highlander, da Hebe Camargo ou do Peter Pan. Seriam, as baratas, imortais(?) Elas estão aí para o que der e vier com suas células regenerativas e nem adianta pensar em bomba atômica.
Conheci hoje a história de uma moça que, literalmente, chorava de medo de baratas... Interessante, né? De tão ágeis, espertas e dinâmicas, elas conseguem botar medo em seres dotados de inteligência. A mim causam raiva, susto – ninguém merece um encontro noturno, na fase dormindo-acordada, encontrar com aquele monstro fedorento no canto do banheiro ou na parte superior da porta.
Sempre penso por onde a bichinha passou antes de estar ali, corajosamente caminhando no meu banheiro.
Se eu pudesse, aniquilaria todas elas. Medo de baratas, não. Mas não me peça para utilizar da minha força ou qualquer objeto a fim de esmagá-las.
Será que poderíamos ter evitado essa invasão ou nós que invadimos o espaço das tão antigas e tão novas co-habitantes de nosso mundo?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Um inverno rigoroso

Frio de bater os queixos, de deixar a ponta dos dedos arroxeada. Frio de torcer os braços contra o peito, frio que assusta, frio saudoso, frio solitário, frio confiante.E enquanto as gotas da chuva caem sobre o solo, levando vida às raízes, um olhar de esperança é lançado em direção às nuvens que cobrem o sol. Olhar que, por diversas vezes, é estimulado para outros cantos, outras direções. Olhar que outrora fora encantado por belíssimas flores, cores e canções. Olhar que viu a beleza desse Sol, olhar que também contemplou o cansaço de um plantio em terras secas, ambiente insólito e quente.

Esperança sempre viva, vida sempre nova a nos fazer crescer...¹

E os ventos vieram para levar o que não precisava ficar para ser. Ventos que levaram o peso, o excesso. Vento que trancou as pálpebras cansadas pela luminosidade da estação passada. Bentido vento que levou o que estava seco e também o que era verde, mas infértil.
Vento que roubou coragem, mas que deixou decisão.
E os olhos contemplaram a permanência de uma raíz. A firmeza de tal não imaginava que sem demora chegaria o tempo das chuvas.
O tempo chegou e com ele, a oportunidade. A necessidade do movimento da vontade, a conformidade, a decisão em dar os passos sem ver o Sol, a renúncia ao calor, o frio por decisão. A mística da dor e da alegria, cruz e ressurreição.O frio que aparta, une abraços, separa e casa os grãos, os pedaços. Frio que me ensina a precisar de Deus, dos outros. Frio que me leva ao silêncio quando o barulho dos trovões me assusta.

"Ó, água que fere a rocha... muda a dureza em amor..."²

Um inverno gelado, um caminho de descida, abaixar-se, um caminho preciso, uma etapa que antecede uma vitória, nova primavera. A estação das chuvas, a minha estação.
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[1] - Outono: Espetáculo Estações - Comunidade Católica Shalom.
[2] - Inverno: Espetáculo Estações - Comunidade Católica Shalom.
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domingo, 8 de março de 2009

Quaresma

Tempo de silêncio, conversão.
Tempo de deserto, tempo de amor e sofrimento.
Tempo de dar tempo...
Que a Virgem do Silêncio, das Dores. A Mãe da Ternura... Que Nossa Senhora nos acompanhe ao calvário do Santíssimo Filho.
Até a Páscoa!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Quem quer carona?

Eu não sei o que as pessoas de outros estados pensam sobre o transporte público da capital do país. Talvez imaginem que, assim como a cidade, bela, planejada e organizada, o coletivo seja modelo no questido qualidade no transporte público.
Já faz tempo que eu queria expor aqui as peripécias de Narlla no Coletivo. Sim, muitas aventuras, meu povo!
Passo boa parte da manhã e da noite dentro de uma estrutura amarela de metal. Com quem você vai voltar para casa? Com o Chico, eu respondo. "Chico" é o modo carinhoso com o qual faço referência aos motoristas do coletivo.
É só para dizer que na minha rotina de ônibus rola de tudo! Tem traficante, moça de família, a avó que cria os netos, os jovens que esperam o shopping fechar. Tem sempre um rosto suado da labuta diária. Tem estudante, dona de casa, celetistas que só saem às 22h. Tem cantor, tem um povo bom demais. Tem até aquele sujeito que, de tão consciente sobre a qualificação de seu estilo musical, [Sim, é o mais democrático, o popular brasileiro] liga o radinho no volume máximo para todo mundo ouvir. Afinal, no ônibus das 22h, o pessoal nem está cansado, tudo sob controle e o ânimo nas alturas.
Tem Narlla, tem Jurema, Josefina, tem Francisco.
Ah... No coletivo também chove. Para quem pensa que os temporais súbitos de Brasília são restritos a quem está a pé, no amarelinho metálico o espetáculo é expressivo.
Armem seus guarda-chuvas! Estamos no ônibus! Vira uma festa. O povo se diverte... Alguém aqui já tomou banho embaixo de uma bica? Pois é, experimente pegar o mesmo ônibus que eu em um dia de chuva forte. Daí vocês somam toda essa aventura aos imprevistos nossos de cada dia. Quando o amarelinho quebra, atrasa, quando o Pedrinho come demais e lança para fora de si o conteúdo gástrico. As queridas irmãs baratas que não gostam de água e ficam completamente desesperadas e desordenadas ao primeiro sinal concreto do líquido.
Certa vez - em dia de chuva forte - estava eu, muito bem acomodada - um pouco tensa, afinal, a qualquer momento poderia ser formada uma bica. Mas aconteceu o contrário. Havia um buraco no piso que formou um... Hum... Nem tenho palavras para expressar, rs. Um gêiser? rs
Quase isso. Foi um desespero completo. Agora entra água pelo teto, pelo piso, pelas janelas...
O melhor de tudo são as propagandas do excelentíssimo senhor governador de Brasília, José Roberto Arruda, em parceria com o ilustríssimo senhor secretário de Transporte, Sr Alberto Fraga, justificando o aumento das passagens para andar no amarelinho, a frota nova, o aumento da tarifa do metrô. Alguém arrisca uma carona?

Sejam Bem Vindos!
Estamos em Brasília.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Nova Primavera

[...]
E ao olhar pra trás
Em meu peito arde a gratidão.
Em tudo que passou
A certeza da Tua presença;
No sol que queimou, no vento que levou,
E no frio que me assustou.
Foi o sol que inflamou, o vento fecundou
E o frio que aproximou.

Ver que a dor é cuidado,
E que a queda é oportuna pra recomeçar,
Teu amor é o sustento constante,
E em todo passado estava Tua mão a me cuidar.

Presente e futuro se enlaçam na eterna esperança de um novo amanhã.
Deixar as palavras cantarem, gratidão entoarem
A verdade: Teu amor me bastará...
Teu amor ninguém pode apagar, ninguém pode deter.
Ninguém pode!
[...]

Nova Primavera - Espetáculo Estações
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Espetáculo Estações - Dia 14 de março, Às 20h no auditório do Colégio La Salle - Asa Sul.
Realização: Comunidade Católica Shalom - Missão Brasília.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O dia do namorado.

Jack Johnson - better together


Hoje ele faz aniversário. E quando ele nasceu eu ainda estava no sonho de Deus. Hoje é o dia dele, é o dia do Camilo, dia do meu amor, do meu amigo, meu par, meu tesouro. Um dia especial que Deus escolheu para presentear o mundo com a vida dele, presentear seus pais, presentear a Asa Sul, Brasília, presentear o mundo, presentear a vida com a vida dele.
Um grande presente de Deus na minha vida, um grande homem, um príncipe. Cheio de virtudes e limites, cheio de Deus, alegria, cuidado, cheio de singularidades que me encantam e me fazem ficar com cara de boba na frente do computador. Ele é assim, muito, mas muito mais do que eu sou capaz de ver (hoje) e do que seria capaz de descrever. Só basta dizer que esse moço me leva mais para Deus, me faz ajeitar os cabelos e passar maquiagem todas as terças quando, por graça e misericórdia, nos encontramos pela webcam. Me faz suspirar feito uma adolescente só de pensar na próxima vez que nos encontraremos. Ele me faz investir no simples, no pequeno, no essencial. Eita, eita...

Hoje é dia de cantar “parabéns pra você”, comer bolo, assoprar velas, receber a lembrança, a oração, os muitos abraços. Hoje também é dia dos namorados [em alguns países, inclusive na Inglaterra]. Dia que os casais saem para passear, sentar nas praças, ver o pôr do sol. Mas nós, hoje, nos encontramos para rezar, para louvar a Deus. Alguns muitos milhares e quilômetros nos separam fisicamente, mas o amor que nos une vem de Deus, portanto ultrapassa os limites da física, então foi possível dizer a ele o quanto sou apaixonada, o quanto o amo, o quanto é bom ser a namorada dele. Foi possível rezar, ouvir que Deus está no controle e que são pequenos detalhes que constroem grandes e belas histórias. Sim, são detalhes... Pequenos e belos detalhes.
Meu amor, resolvi escrever aqui no blog para deixar público a minha admiração, meu compromisso, minha decisão por você, minha saudade, minha vontade de estar perto. Deixar registrado o “parabéns pra você”, o “eu amo você”, os quinhentos e oitenta e sete mil beijos que eu gostaria de te dar hoje. Deixar registrado que você é a coisa mais linda que Deus colocou na minha vida. E que eu desejo amar você como você merece e como você precisa para ser mais santo, mais feliz.
Que Deus me dê a graça de fazer sempre mais que o necessário, ir sempre além.
Bendito seja Deus pela sua vida, pela sua coragem, renúncia e disposição. Bendito seja Deus pela nossa magnífica Vocação, Vocação que nos conduz a um caminho novo, de vida nova, de alegria real, de amor verdadeiro. Vocação que Deus nos chamou para nos dizer que somos os piores, mas que podemos contar com Ele sempre.

Morro de saudade...
O resto você já sabe.
Um beijo

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vai dar certo

Andam dizendo por aí que essa é a minha frase... As pessoas de casa, os amigos. A frase da Narlla: “Vai dar certo!”.
Tenho pensado bastante nisso, ultimamente. O que se passa no meu coração quando eu digo que vai dar certo? Eu não sei... Só sei que se trata de uma certeza, não de uma possibilidade. Uma certeza de que da minha vida quem cuida é Deus. E Deus, como diz alguém muito caro para mim, não é doido.
Deus não é doido. Desconfio da sanidade mental de quase todo mundo que convive comigo, mas jamais do equilíbrio de Deus. [Ainda bem, né?] Por que daria certo? Porque Deus não é doido, Deus não é incoerente, Deus vê coisas que eu não vejo, Deus é infinitamente maior do que as minhas inseguranças, maior do que a dor, o tempo. Deus é inquestionavelmente superior a todo e qualquer devaneio que assalte a minha tranquilidade. Deus tem a presença mais segura e simples desse mundo. Deus não é doido. Deus não é injusto...
Vai dar certo, porque, para Deus, já deu certo. Vai dar certo... Já deu certo. Deus cuida dos Seus. Deus é tão grande, tão grade demais da conta. Deus vê do lado de dentro, da parte de cima, Ele vê tudo.
Não há argumentos para justificar a Bondade e Providência de Deus... Só o amor. Amor que é capaz de unir realidades tão distintas, mas tão necessárias uma da outra. Amor que se faz precisar da ação do ser humano, dotado de liberdade, para ser uma coisa só.
Deus é uma pessoa. Pessoa extremamente equilibrada emocionalmente... Deus é a plenitude do que é Bom. Deus é maior do que a minha compreensão, maior do que minha dor de cabeça, meu sono, meu medo, minha saudade. Deus é maior do que o barulho que não cessa no meu coração. Deus é maior do que a minha vontade. Deus é, infinitamente, maior do que qualquer letra ousada que O tente descrever.
Presença encantadora, libertadora...
Deus é maior do que o meu medo de que não dê certo. Deus não é doido e Sua Vontade é maior, mais inteligente e plena do que a minha.

Vai dar certo!
Fé, Esperança e Caridade!
Shalom

domingo, 18 de janeiro de 2009

A alegria de ser pobre.

Nas últimas semanas tenho refletido sobre a pobreza que sou chamada a viver. Ouso escrever hoje, mas longe da pretensão de esgotar ou fazer perceber que vivo plenamente esse doce convite de Deus.
Confesso que para mim também é difícil ser pobre. Não necessariamente pobre de pão, de dinheiro, de matéria... Mas ser pobre o bastante para perceber e acolher que nada do que imagino ter, possuir ou conquistar é, de fato, meu. Nem a vida que Deus soprou no meu peito é minha. Vida que é objeto de tantos conflitos e achismos, tantas vezes é assaltada pelo falso pensamento de que posso fazer dela o que bem entendo.
Quero partilhar hoje da alegria de ser pobre. A alegria de depender da providência. Partilhar da imensa alegria de, em meio às dores, poder contar com Deus, poder contar com os meus irmãos - especialmente aqueles que cuidam do que é meu como se fosse deles. Ter a certeza mais profunda que, mesmo na situação mais incoerente, difícil, angustiante, Ele mesmo é o meu sustento, o sustento da minha família, das pessoas que eu amo, de todo homem e mulher que existe nesse mundo.
Partilho da alegria de pertencer a Deus, Deus que é o Autor da minha vida e o dono dela. O Senhor e o Salvador. A imensa alegria de oferecer a única coisa que tenho nas mãos... Ela, a minha vida. Embora não seja minha, a tenho em minhas mãos porque o Dono me deu liberdade. Liberdade de entregá-la, liberdade de tempo, escolha, decisão. Liberdade de dizer um sim para dizer um não. Liberdade de dizer um não para viver o sim. Deus que me confere liberdade de entregar minha miséria, limitação e por isso mesmo, me ama a ponto de transformar todas as minhas feridas purulentas e fétidas em chagas gloriosas.
Deus que, na pobreza minha de não ter nada e ter tudo, eleva minha condição, meus planos, meus sonhos, meus desejos. Deus, que recebendo meu louvor - linguagem dos pobres e das almas esposas - transforma minha vida. Transforma minha família, revela - sempre que necessário- o sentido da minha existência.
Pobre é o que sou, pobre é o que desejo ser... Pobre de nada ter, mas de ter Tudo.
Eis o que tenho hoje, Senhor. Ofertas, esperança, saudade, lágrimas, conquistas, mudanças, cuidado, violência, parresia, vontade... Eis o que tenho, eis o que sou.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mistério

É preciso, entretanto, purificar.
Cuidar do meu tesouro, guardá-lo no silêncio
Porque tesouros não são exibidos sem cautela, proteção.
É preciso castidade, inocência.
Sim, o cuidado com o valioso.
Guardar no melhor lugar, no meu coração
Como fez a Virgem.
Dentro dele o acesso é meu e de quem, deveras, tem a permissão para o toque.
O conhecimento, o revelar, o velar, um prudente se lançar.
O mistério que insiste em deixar de ser,
mas que necessita da solidão para ganhar peso, forma, coragem e nunca deixar de ser o que é: Mistério.
E eles, os meus mistérios, o meu mistério, por nada e ninguém, será desvelado.
Mas em sutil atitude de entrega, amor, confiança, serão, certamente tocados e provados.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Aos meus...

Desejo um "corajoso arriscar-se"¹... Risco de se deixar amar, risco de se deixar conhecer, risco de não ser aceito ou acolhido. Desejo a mim, a eles, aos que amo, que Deus prove e comprove nossa vocação, nossos relacionamentos, nossos projetos, nossos sonhos.
Desejo muitos filmes, muitas convivências, muitas idas ao "bomba", desejo muitas Eucaristias, muitos passeios, muitas orações comunitárias. Desejo receber de vocês a vida, as lágrimas, os sustos, as decepções, as partilhas intermináveis, o bom e o ruim, as canções e letras.
Desejo amar muito! Confiar, ver vocês como são e ser vista como sou. Desejo entregar pérolas, desejo descobrir a singularidade de cada um... Desejo sair da superfície, desejo amar a Deus com tudo o que tenho e tudo o que sou. Espero que seja assim com vocês, também.
Desejo verdade, alicerces seguros. Desejo cozinhar para vocês mais vezes, visitar mais as famílias de vocês.
Desejo cuidar, amá-los mais, rezar mais, silenciar mais, esperar mais e melhor.
Desejo a morte das sementes, desejo os frutos, desejo ver, tocar, abraçar, amar, olhar. Desejo matar saudade, mesmo sabendo que ela, teimosa que é, vai nascer de novo.
Desejo viver o hoje.
Desejo dar sempre o sentido real a todas as minhas ofertas.
Desejo tantas coisas que desejei ontem, ano passado, ano retrasado. Desejo para hoje, para o ano todo, para a vida toda. Desejo desejar o desejo de Deus.
Desejo fazer feliz quem por mim é amado. Desejo dar a vida do jeito que ela é.
Vivo o sonho de fazer da melhor forma possível a minha história e a parte que me cabe em sua história.
Desejo alargar sempre mais meus espaços, não para reter ou guardar - esconder, mas para possuir o que não se possui e cuidar como se fosse meu.

"A confiança traz o amor junto de si e numa verdadeira amizade tudo pode se construir"¹

Desejo, enfim, que os meus amem até doer, amem na riqueza e na pobreza, na graça e no pecado. Desejo que descubram a cada dia o que são diante de Deus.
Que eles ouçam de quem tem propriedade para dizer.
Desejo que vivam o desejo de Deus. Só.

Feliz Ano Novo!
Shalom
=)
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[1] - Um entre mil - CD Ao meu Amigo - Comunidade Católica Shalom