quinta-feira, 14 de maio de 2009

Elas são católicas pelo direito de decidir


Mas também são a favor do aborto, da utilização de métodos artificiais e abortivos para o planejamento familiar e o que elas chamam de “maternidade/paternidade responsável”. Elas são católicas, ou melhor, se dizem católicas. Se partirmos do pressuposto de que homens e mulheres são iguais em dignidade, mas diferentes em suas necessidades, atribuições e identidade, a luta pela tão sonhada igualdade dos sexos é vã.
Reconheço a validade da luta de minhas irmãs pela garantia e efetivação de direitos particulares das mulheres. Isso faz toda diferença na vida das mães, das trabalhadoras, de mulheres que tem particularidades e, portanto, precisam de cuidados especiais. Não por serem menores, incapazes, mas pela missão pessoal e identidade que cada uma traz em si.
Passeando pelo site das católicas, deparei-me com um artigo, [que pretendo comentar depois] da Sra. Déa Januzzi, repórter do Jornal Estado de Minas. Por hora, fico apenas com o seguinte trecho: “Vazio é ter doutrina voltada para o anteontem da vida”.
Será que o conceito de vida foi mudado e ninguém me avisou? Será que estamos falando da mesma Igreja, do mesmo Jesus? Quando vejo pessoas se manifestarem, sejam católicos, protestantes ou de qualquer denominação cristã, faço um esforço para imaginar o próprio Jesus aconselhando uma mãe a abortar o seu filho ou incentivando um casal a valer-se da pílula – método abortivo, uma vez que bloqueia o processo de nidação - implantação do embrião no endométrio.
Não dá, não faz sentido. Jesus, por ser Caminho, Verdade e Vida, jamais se utilizaria de ironia para atribuir a morte dos santos inocentes a uma solução coerente para os problemas do mundo. Os problemas são claros, e, de fato, não devem ser ignorados. São sérios e precisam de atenção e trabalho. Precisam do meu sim e do seu sim. Entretanto, qual é a relação entre a solução destes com o aborto? Seriam as crianças, os bebês, causadores da desordem na humanidade?
O tal feminismo cria uma pseudo-imagem de mulher para ser copiada. E nós mulheres ficamos seduzidas e encantadas com essa desproporção de valores. Como se fosse saudável e belo ser o que não se é. O caminho de liberdade interior passa pela Verdade.
No caso das católicas pelo direito de decidir, percebo aí, nada mais do que a falta de Deus. Uma carência tão grande que as fazem especialistas em evidenciar os erros dos padres, da Igreja. Especialistas em discursos pró-aborto, sensíveis ao ponto de confundir. Sim, assim como elas, muitos outros sedentos de Verdade, especializam-se em denunciar, macular. Especialistas em dizer que o grande problema do mundo é o fato dos padres não se casarem, as freiras não celebrarem missas ou um casal de pessoas do mesmo sexo não poderem ter sua união sacramentada diante de Deus, dentro da casa dEle. É... Esse deve ser o problema. O problema está todo na Igreja (?) - a tal doutrina voltada para o anteontem. Estão colocando palavras na boca de Deus. Será, mesmo? Porventura Deus erra, é incoerente e tem Sua Verdade sendo adequada à nossa cegueira e falta de amor?
Eu nunca ouvi dizer que o sacerdócio seja uma imposição para alguns homens. “Se você não se tornar padre, você morre”. Graças a Deus, o chamado ao sacerdócio, assim como para todos os estados de vida, é regido pelo amor e não pela lei. O celibato - que não se aplica somente aos padres - é um grande dom, uma graça.
Para quem nunca ouviu dizer, o tal celibato é pelo Reino, pela minha e sua salvação. Uma adesão livre e decidida por entregar inteiramente a vida pelo serviço. Uma renúncia feita por amor, para o amor e no amor. Um matrimônio espiritual com o Esposo das Almas, uma prefiguração do que todos nós viveremos na eternidade. Quem disse isso? Para quem se especializa em macular a Igreja, uma boa dica é ler a Bíblia.
Erros? Sim, e são muitos. Mas eu me pergunto... Será que todo mundo é perfeito? Se as senhoras católicas pelo direito de decidir são tão certas de que é legítimo abortar e partir para uma ação tão agressiva contra a doutrina católica, por que ainda se dizem católicas?
É outro detalhe importante. Ninguém é obrigado a pertencer a esta Videira, mas convidado, chamado. As pessoas incomodam-se de tal forma com a postura da Igreja, como se fosse uma imposição, uma ditadura. De certo, se incomoda tanto, é bom buscar as raízes e os motivos.
Como católicas, elas, naturalmente conhecem a Mãe de Jesus. Evidentemente, não há como imaginar a Mãe de Jesus num panelaço desses gritando que defender a vida é legalizar o aborto e torná-lo mais seguro nos hospitais.
A raiz do problema precisa olhada, também. Matar as crianças antes mesmo de nascerem vai, simplesmente, animalizar ainda mais a humanidade. Não se trata, primariamente, de excomunhão, de pecados e leis. Embora todo esse processo tenha por conseqüência a infelicidade eterna, é preciso olhar para a essencia do cristianismo: A vida e a dignidade humana.
Dar passos em direção a essa realidade, certamente nos fará olhar com mais ternura para os que sofrem.
Toda a realidade que contemplamos hoje é difícil, dolorosa, talvez indizível quando realmente nos deparamos com a dor alheia. Deus não tem um selo em Si que diz: Seus problemas acabaram! Mas é o único que pode mudar, transformar e ordenar toda e qualquer dor para o amor.
Eu nem terminei meu curso superior, não escrevo para nenhuma revista importante, nenhum jornal de grande circulação, não estudei fora do país e meu nome não é influente para que o meu texto tenha grande repercussão. Eu sou a Narlla Bianne Santos de Sales e o que me confere autoridade para deixar aqui estas palavras é a minha identidade - sou mulher -, meu batismo, minha decisão por Deus, minha Vocação, o simples fato de ser ramo desta Videira.
Ainda bem que minha mãe não me abortou...

Deus abençoe a todos e todas

Shalom
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2 comentários:

Anna Virgínia Souza disse...

Oi Narlla,

Seu texto estabelece uma ótima reflexão sobre as definições de ... O que é ser católico? E qual o significado de ser católico?

Vale ressaltar aqui algo sobre a mulher....

Mulher como instrumento de Deus, que se faz necessária para que se complete o milagre da vida, ou seja a mulher tem como missão ser e ter parte ativa no processo de fé.

Na Liturgia do último domingo, cristo palavra nos diz que “Deus é amor”, e se puxarmos um pouquinho na memória, lembramos que “Jesus é Caminho Verdade e Vida”.
Isso mesmo! A mulher quando diz o seu sim, ou melhor o faça-se, cumpra-se , torna-se instrumento de Deus e dá lugar a vida e como mãe será o primeiro gesto de amor deste novo filho de Deus que está sendo gerado.

Nós Mulheres, devemos submeter-nos ao Senhor e não levar em consideração nossas impossibilidades humanas ou nosso ser já amortecido de esperança. Devemos confiar em que, para Deus não há impossíveis em todas as Suas Promessas.

Anna Virgínia Souza
Ministério Cantarei Louvores
http://cantareilouvores.wordpress.com

Uma página em branco... disse...

Olá Narlla, tudo bem?

A força criadora nascida da liberdade é esbarrada na morte do minimalismo. Uma escolha real, mas fundamentada, vislumbrada, num atalho no caminho para construção do equilíbrio de vivência e convivência humanas. Atalhos suprimem vivências; atalhos são talhados na displicência da preguiça.

Mulheres que ignoram inúmeros aspectos de sua condição feminina: 1º - a dignidade de filhas de Deus, co-autoras da vida; 2º - como cidadãs brasileiras, não prestam atenção as situações sociais que assolam a desigualdade do nosso país - como o SUS atenderia um suposto "problema de saúde pública" gravíssima e complexa, se para resolver tratamentos mais simples causa mais mortes do que suporte a manutenção da vida do contribuinte brasileiro? Quem na verdade iria usufruir dos benefícios desta legalização?(Digo que existem muitas clínicas particulares de aborto dando seu apoio lobbístico para aprovação. Logo, para um tratamento dito como digno - digo isto com asco! - teria que pagar uma grana. E quem pode pagar no nosso país? As de menores condições de vida é que não serão.)

Agradeço a Deus e, principalmente, pela decisão livre de amor de nossas mães por não nos terem abortado.

Walisson Lopes Barreto

Pax et Bonnum